O advogado Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho frisa que com as eleições de 2026 se aproximando, o papel da Justiça Eleitoral enfrenta um novo e complexo desafio: regular o uso da inteligência artificial (IA) nas campanhas políticas. A popularização da IA gerativa trouxe inovações importantes na produção de conteúdo, mas também riscos como a manipulação de informações, a criação de deepfakes e a disseminação de discursos enganosos.
Como a inteligência artificial está transformando a comunicação política?
A inteligência artificial já é amplamente utilizada por partidos e candidatos para criar conteúdos personalizados, gerenciar redes sociais e até simular interações com eleitores. Ferramentas baseadas em IA permitem a produção rápida e massiva de vídeos, áudios e textos que podem ser adaptados conforme o perfil do público-alvo. Isso aumenta a eficiência das campanhas, mas também levanta preocupações sobre o controle da veracidade dessas informações.
Além disso, a IA permite a segmentação hiperespecífica de mensagens, o que pode levar à chamada “microdemagogia”, onde diferentes versões de uma mesma narrativa são apresentadas a distintos grupos sociais. Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho explica que essa prática, embora eficiente do ponto de vista estratégico, coloca em xeque a coerência e a honestidade do discurso político. A Justiça Eleitoral precisa acompanhar esse avanço tecnológico para evitar abusos.
Quais os riscos reais dos deepfakes e da manipulação digital?
Um dos maiores desafios impostos pela IA é a criação de deepfakes — conteúdos falsificados altamente realistas que podem colocar candidatos em situações constrangedoras ou distorcer suas falas. Essas ferramentas permitem a fabricação de vídeos e áudios extremamente convincentes, capazes de enganar até mesmo especialistas. O impacto disso durante uma campanha eleitoral pode ser devastador, afetando a imagem de um político em minutos e espalhando mentiras com velocidade incontrolável.

Segundo Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho, o problema não se limita apenas aos vídeos. Imagens manipuladas, notícias falsas produzidas por algoritmos e até perfis falsos operados por robôs podem influenciar a opinião pública e distorcer o debate político. Diante disso, a Justiça Eleitoral precisa desenvolver mecanismos eficazes de detecção e punição dessas práticas, além de educar a população sobre os perigos da desinformação impulsionada pela inteligência artificial.
Como a Justiça Eleitoral pode se preparar para regular a IA?
Para lidar com os desafios trazidos pela inteligência artificial, é fundamental que a Justiça Eleitoral crie uma estrutura técnica e jurídica adequada. Isso inclui a formação de equipes multidisciplinares compostas por especialistas em tecnologia, direito e comunicação, capazes de identificar conteúdos falsos e agir rapidamente para coibir sua propagação. Também será necessário atualizar a legislação eleitoral para incluir normas específicas sobre o uso ético e responsável da IA nas campanhas.
Outra medida importante é a cooperação com plataformas digitais e empresas de tecnologia para estabelecer protocolos de verificação e transparência. Parcerias com institutos de pesquisa e universidades também podem ajudar na criação de sistemas automatizados de detecção de fake news e deepfakes. Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho ressalta que só com uma abordagem integrada e proativa será possível assegurar que as próximas eleições ocorram em um ambiente informativo mais seguro e confiável.
Rumo a eleições seguras e transparentes em 2026
À medida que a inteligência artificial se torna cada vez mais presente na vida política, a Justiça Eleitoral tem um papel crucial na mediação entre inovação e segurança. Se por um lado a IA oferece ferramentas poderosas para melhorar a comunicação e o engajamento eleitoral, por outro exige regulamentação rigorosa para impedir manipulações e fraudes. Preparar-se para 2026 significa investir em conhecimento técnico, aprimorar a legislação e fortalecer os mecanismos de fiscalização.
Por isso, Márcio Augusto Vasconcelos Coutinho conclui que o futuro das eleições depende da capacidade do sistema eleitoral de compreender e responder aos desafios tecnológicos com agilidade e responsabilidade. A manutenção da credibilidade do processo democrático exige que a Justiça Eleitoral esteja à frente, e não atrás, das mudanças provocadas pela revolução da inteligência artificial.
Autor: Kotova Belov