Segundo Bruno Garcia Redondo, historicamente conhecido por sua rigidez, jornadas extensas e cultura de alta performance, o setor jurídico está passando por uma mudança cultural significativa. Escritórios de advocacia, departamentos jurídicos corporativos e até órgãos públicos estão repensando práticas de gestão e criando políticas voltadas ao bem-estar dos profissionais.
Essa transformação é impulsionada tanto pela pressão por melhores condições de trabalho quanto pela necessidade de atrair e reter talentos, especialmente entre as gerações mais jovens, que valorizam equilíbrio entre vida pessoal e profissional. A pandemia de COVID-19 também atuou como catalisadora, acelerando mudanças que há tempos eram discutidas, mas raramente implementadas com seriedade.
A flexibilização do trabalho veio para ficar?
Sim, e no setor jurídico isso tem se materializado por meio de horários flexíveis, regimes híbridos e até mesmo trabalho remoto integral em algumas funções. Escritórios têm permitido que advogados escolham os horários mais produtivos para suas atividades, desde que cumpram prazos e metas.

Além disso, Bruno Garcia Redondo ressalta que o home office passou de solução emergencial para política estruturada, com suporte tecnológico e diretrizes claras. Essa flexibilidade tem ajudado a reduzir o estresse, melhorar a produtividade e aumentar a satisfação dos colaboradores, especialmente aqueles com filhos pequenos ou outras responsabilidades pessoais.
O bem-estar pode coexistir com a alta performance?
A antiga crença de que longas jornadas e pressão constante são indispensáveis à excelência jurídica está sendo questionada. Escritórios que apostam em cultura de bem-estar têm observado que colaboradores saudáveis, motivados e descansados entregam melhores resultados, com menos erros e mais criatividade.
De acordo com Bruno Garcia Redondo, a gestão por metas claras, aliada ao respeito pelos limites individuais, mostra que é possível manter alto desempenho sem sacrificar a saúde mental e física. A chave está na confiança mútua e na promoção de ambientes psicológicos seguros, onde os profissionais se sintam à vontade para expor dificuldades sem medo de retaliações.
Os líderes estão preparados para promover o bem-estar?
A liderança tem papel fundamental na efetivação de qualquer política de bem-estar. Ainda que muitos líderes do setor jurídico tenham sido formados em um ambiente rígido e hierárquico, há um movimento crescente de capacitação e mudança de mindset. Programas de liderança consciente, feedback contínuo e treinamento em empatia estão se tornando mais comuns.
Para Bruno Garcia Redondo, quando gestores adotam uma postura mais humana, demonstrando vulnerabilidade e promovendo o diálogo, o impacto é profundo e positivo na cultura organizacional. A transformação cultural, portanto, começa no topo — e exige compromisso de longo prazo.
Por fim, apesar dos avanços, há um longo caminho a percorrer, frisa Bruno Garcia Redondo. O setor ainda convive com uma cultura de cobrança excessiva, pouco reconhecimento e estruturas pouco inclusivas. Consolidar o bem-estar como um valor estratégico exige rever modelos de negócio, reformular processos e investir continuamente em pessoas. Também é necessário criar indicadores para medir o impacto das ações de bem-estar e integrá-las à estratégia organizacional.
Autor: Kotova Belov