Conforme explica Rodrigo Balassiano, diretor da ID Serviços Financeiros, as finanças islâmicas são um sistema financeiro baseado em princípios éticos e morais, que se alinham com os valores e opiniões da religião islâmica. Esse sistema difere significativamente do sistema financeiro convencional, e suas práticas têm crescido em popularidade em todo o mundo, à medida que mais pessoas buscam alternativas financeiras que estejam em conformidade com suas convicções religiosas.
Princípios fundamentais das finanças islâmicas
As finanças islâmicas são fundamentadas em princípios sólidos que buscam promover a justiça econômica, a equidade e a responsabilidade social. Alguns dos princípios fundamentais incluem:
Proibição de Juros (Riba): segundo Rodrigo Balassiano, um dos princípios mais distintivos das finanças islâmicas é a autorização estrita de cobrar ou pagar juros. Isso se baseia na crença de que o dinheiro não deve gerar mais dinheiro por si só, mas deve ser usado para apoiar atividades econômicas reais.
Compartilhamento de lucros e perdas (Mudarabah e Musharakah): as transações financeiras islâmicas muitas vezes envolvem o compartilhamento de riscos e recompensas entre as partes envolvidas. Em vez de emprestar dinheiro a juros, as partes investem juntas em um projeto ou negócio, e os lucros e perdas são compartilhados de acordo com um acordo prévio.
Ativos tangíveis e atividades halal: as finanças islâmicas proíbem o investimento em atividades consideradas haram (proibidas no Islã), como álcool, jogos de azar e produtos suínos. Além disso, Rodrigo Balassiano ressalta que os ativos devem estar ligados a ativos tangíveis, como imóveis ou empresas, em oposição a atividades puramente especulativas.
Transparência e responsabilidade: a transparência e a prestação de contas são altamente valorizadas nas finanças islâmicas. Os contratos financeiros devem ser claros e todas as partes devem estar cientes dos riscos e obrigações envolvidos.
Práticas comuns nas finanças islâmicas
Dentro desses princípios, existem várias práticas comuns nas finanças islâmicas:
Financiamento baseado em Murabaha: isso envolve a compra e revenda de bens com uma margem de lucro conhecida, em vez de cobrar juros. Para Rodrigo Balassiano, é uma forma comum de financiamento de bens de consumo.
Sukuk (Títulos Islâmicos): os Sukuk são emitidos títulos com base em ativos tangíveis ou serviços, proporcionando aos investidores uma participação nos lucros gerados por esses ativos. É uma alternativa ao mercado de títulos convencionais.
Bancos Islâmicos: as instituições financeiras islâmicas operam de acordo com os princípios das finanças islâmicas, oferecendo produtos financeiros que atendem às necessidades de seus clientes sem o uso de juros.
Takaful (Seguro Islâmico): o Takaful é um sistema de seguro que opera com base na solidariedade e sem compartilhamento de riscos entre os segurados. Diferentemente dos seguros convencionais, o Takaful é compatível com os princípios islâmicos.
Microfinanças Islâmicas: essas instituições oferecem serviços financeiros, como empréstimos e poupança, para comunidades de baixa renda, seguindo os princípios das finanças islâmicas.
Fundos de Investimento Islâmicos: esses fundos investem em conformidade com os princípios islâmicos, proporcionando aos investidores uma maneira de aumentar sua riqueza sem violar suas crenças religiosas.
As finanças islâmicas oferecem uma ética alternativa ao sistema financeiro convencional, baseada em princípios que enfatizam a justiça, a equidade e a responsabilidade social. Embora as práticas de finanças islâmicas tenham raízes profundas na religião islâmica, elas têm atraído uma base crescente de seguidores de todas as origens religiosas que buscam um sistema financeiro mais alinhado com seus valores éticos. À medida que a conscientização sobre as finanças islâmicas continua a crescer, é possível que esse sistema desempenhe um papel cada vez maior no cenário financeiro global.